quinta-feira, 9 de julho de 2009

G8 decide que temperatura do planeta não deve subir mais que dois graus


Compromisso assumido pelos maiores poluidores
G8: Temperatura do planeta não pode subir mais do que 2ºC


As 17 potências reunidas hoje à tarde em L’Aquila, Itália, no Fórum das Grandes Economias (MEF) aceitaram limitar o aumento da temperatura média global do planeta a 2ºC e recusaram comprometer-se com percentagens concretas na redução das emissões. Na declaração final ficou para a posteridade que estes países se comprometem a “identificar uma meta global para reduzir substancialmente as emissões até 2050”.

Os países responsáveis por 80 por cento das emissões poluentes do planeta – Austrália, Brasil, Canadá, China, União Europeia, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, Coreia do Sul, México, Rússia, África do Sul, Reino Unido e Estados Unidos – declararam que “as alterações climáticas são um dos maiores desafios da nossa era”, ao qual vão “responder vigorosamente”, “sem poupar esforços para conseguir um acordo em Copenhaga”, a conferência da ONU, em Dezembro, de onde deverá sair o sucessor do Protocolo de Quioto.

Na declaração final é defendida a redução das emissões da desflorestação, a necessidade de ajudar os países mais pobres a adaptarem-se aos efeitos das alterações climáticas, já em curso, e de duplicar os investimentos até 2015 na investigação de tecnologias de “descarbonização” e amigas do clima – como a eficiência energética, energia solar, melhoria das redes de distribuição, captura e armazenamento de carbono, veículos mais sustentáveis, centrais a carvão mais limpas. O financiamento terá de vir de diferentes fontes, incluindo fundos públicos e privados e mercados de carbono.

Assim, os compromissos esperados foram oficializados e os desejáveis acabaram adiados. O que é certo é que a reunião, marcada pela ausência do Presidente chinês Hu Jintao, não trouxe novidades de monta para o clima e ao fim de várias horas de negociações, as economias emergentes não saíram convencidos da necessidade de metas de redução. Nem mesmo depois de o G8 anteontem à noite se ter comprometido com uma redução de 80 por cento das emissões até 2050.

Cem activistas da Greenpeace ocupam quatro centrais a carvão

Esta manhã, mais de cem activistas da organização ecologista Greenpeace, vindos de 18 países, ocupam quatro centrais a carvão em Itália, para pedir ao G8 liderança no combate às alterações climáticas.

Segundo a organização, os activistas escalaram chaminés e gruas das centrais em Brindisi - a maior fonte única de dióxido de carbono (CO2) do país -, Marghera (nos arredores de Veneza), Vado Ligure (perto de Génova) e numa central petrolífera em Porto Tolle.

"Os políticos falam mas os líderes actuam", disse o activista britânico Ben Stewart, do topo de uma chaminé com 160 metros na central de Marghera, citado por um comunicado da Greenpeace. "Não há tempo a perder. Os líderes do G8 devem deixar de pôr os interesses das indústrias poluentes à frente do planeta e assumirem uma liderança forte. Isto significa profundas reduções nas emissões até 2020, investimento na adaptação e mitigação nos países em desenvolvimento e suspensão da desflorestação tropical".

A cimeira do G8 deverá fornecer às Nações Unidas as "armas necessárias" para que a conferência de Copenhaga, em Dezembro, seja um êxito, comentou ontem Giampero Massolo, diplomata italiano responsável pela preparação da cimeira. De Copenhaga deverá sair o sucessor do Protocolo de Quioto, que expira em 2012.
in público

CO M E N T Á R I O S

Compreender o significado de L’Aquila não é um dado adquirido. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, insistiu hoje que o esforço do G8 é insuficiente e levantaram-se vozes que lamentaram adopção de metas para 2050, em detrimento de 2020.

Em rigor, ao transferirem o problema de 2020 para 2050, transferiram o problema dos seus mandatos para os mandatos dos outros. E ainda há optimistas moderados... Eu também sou: finalmente vai ser reduzida a população da espécie mais perigosa do planeta.

Julgava eu que as alterações climáticas estavam fora de controle mas afinal podem ser "controladas" até + 2ºC. E se fôr 2,5ºC já atingimos o colapso ? Mas quem é o gajo que usa o termómetro ? Por acaso o local da cimeira foi bem escolhido, pena não ter havido novo sismo e estes meus terem ficado soterrados. Posso dormir descansado sabendo que o planeta está entregue a gente competente e séria.

O pesadelo dos políticos não são as alterações climáticas, nem a escassez de energia, nem as chuvas ácidas, nem a poluição atmosférica, nem o congestionamento do tráfego. É desaparecer o negócio do petróleo e com ele as chorudas margens das petrolíferas e os escaldantes impostos sobre os combustíveis cobrados na Europa. O truque deles é mesmo convencer o parolo de que vão ser feitas coisas mirabolantes para, no fim, ficar tudo como está, e pior ainda, é preparar terreno para que, quando o petróleo e o carvão se esgotarem, cobrarem exactamente o mesmo com as energias "verdes" ou "esverdeadas" que entretanto controlam. Caso não tenham reparado, já viram quem é que lidera a utilização das energias "verdes" - EDP, Galp, etc, etc. É só para o caso de estarem distraídos... e pensar que os que duvidam desta história climática é só para entreter o parolo...

Vergonha global! A Europa não quer assumir nenhuma guerra, nem a do desenvolvimento sustentável, na vertente do ambiente, do economico e do social. É pena que nem uma quantidade de países da Europa e do Mundo não encontram soluções para proliferar medidas fáceis de se adoptarem no Mundo, e atractivas para mais países aderirem, nesta matéria do ambiente. Uma posição unilateral como a da Noruega sobre a Amazónia deverá ser seguida pelos restantes países, essa é uma parte da solução que a Humanidade tem que adoptar, e por sua vez os países têm que a consagrar e tudo está relacionado com a produção dos produtos, como tal, têm que ser tributados com base no seu impacto de poluição, na produção e no final da utilização, tendo em vista a sua recolha, tratamento e reciclagem, o tamanho da sua pegada ecológica, etc. É importante a Sociedade Civil intervir, só assim os políticos são forçados a agir com respeito à aldeia global em que vivemos. Saudações espeleológicas.

Enquanto o ocidente continuar a consumir estupidamente, a China vai continuar a produzir alarvemente.

O pior de tudo é que esses senhores que hoje decidem estão muito bem sentados em cadeiras com ar condicionado, e a percorrer o país com carros ultra-poluidores porque daqui a uns anos bateram a bota e quem cá fica que se lixe. O pior, é que quem vai pagar por esta irresponsabilidade sou eu as gerações mais novas, que ainda cá estaremos (estatisticamente) mais uns bons anos.

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